Papo Artesanal – 10ª edição

Papo Artesanal – 10ª edição

Marta, Pitita, Edna e Ana Lúcia.

Por Ananda Moraes | Comunicação e Difusão

A 10ª edição do Papo Artesanal aconteceu no dia 02 de junho de 2014 e recebeu as artesãs do Piauí, Ana Lúcia de Carvalho, da Associação das Bordadeiras Lili Escórcio de Buriti dos Lopes, e Francisca Maria Gonçalves da Silva, da Associação de Artesãos em Trançado da Ilha Grande de Santa Isabel. Também estiveram presentes as artesãs Edna dos Santos, da Associação Maria dos Agaves, e Marta Valezia da Cooperativa Artesanal Mista de Parnaíba Ltda – Campal. 

Francisca Maria Gonçalves da Silva, mais conhecida como Pitita, contou que aprendeu a técnica tradicional do trançado em palha de carnaúba com sua mãe Dona Serrati, e esta aprendeu com uma vizinha. Atualmente, Serrati é a presidente da Associação de Artesãos em Trançado da Ilha Grande de Santa Isabel.

A artesã relatou que a associação foi formalizada quando o Programa Artesanato Solidário chegou à comunidade e capacitou artesãos da região para o fortalecer a produção do artesanato de tradição e gerar renda. Os artesãos não tinham uma noção de como medir a palha, precificar o artesanato, entre outros aspectos, que foram repassados por meio de oficinas em projeto realizado pela ArteSol e parceiros.

A matéria-prima é a palha de carnaúba que é encontrada em abundância nos quintais das casas. Os artesãos, tanto homens quanto mulheres, retiram a palha de maneira sustentável, com cuidado, para não matar a planta. O Ibama foi um dos capacitadores para esta prática de manejo sustentável e a ArteSol também capacitou com as oficinas de Comércio Justo.

Pitita contou que o tingimento dos produtos é feito com anilina e não mais tingimento natural, pelo fato de que as cores naturais não resistem por muito tempo na palha.

A associação produz sousplat, espelhos, cestos, rede de tucum (rede do linho da palha de carnaúba), entre outros produtos.

Pitita também relatou que muitas mudanças aconteceram após o projeto: Hoje as casas são construídas com tijolos, antes eram cobertas pela palha de carnaúba; os artesãos trabalham com o pensamento de que as coisas vão melhorar e que antes não analisavam as possibilidades de negócio. “As feiras e eventos são o que dão um grande suporte e motivação para os artesãos, pois sabem que vão vender, pois localmente a venda é pouca”, disse a artesã.

Parnaíba é uma cidade com 148 mil habitantes (IBGE – 2013) e onde pode-se encontrar muitos tipos de artesanato: renda de bilro, taboa, arte santeira, cerâmica, entre outros.

Ana Lúcia de Carvalho, da Associação das Bordadeiras Lili Escórcio de Buriti dos Lopes, aprendeu a bordar com a irmã e contou sobre a trajetória da associação, que começou com um projeto do governo do Estado, ensinando mulheres grávidas a bordar os enxovais de seus bebês. Em 2001 a ArteSol chegou à comunidade com o projeto de fortalecimento do artesanato de tradição e geração de renda para as 30 artesãs que já trabalhavam com a técnica do bordado ponto cruz, já tradicional na localidade.

Buriti dos Lopes é uma cidade com quase 20 mil habitantes (IBGE – 2013) e a principal fonte de renda para a comunidade é a pesca, plantação de arroz e o bordado.

Hoje 25 mulheres trabalham na associação produzindo um bordado de excelência, caracterizado pela perfeição dos pontos até no avesso do bordado. Elas se reúnem na sede da associação três vezes por semana. Muitos dos desenhos são criados a partir das paisagens locais e fazem parte do dia a dia da comunidade, como os pássaros, galinhas, galos e árvores. Algumas das artesãs dominam também o crochê e o bordado crivo, unindo as três técnicas em uma só peça.  Dona Ana contou que os bordados são mais vendidos nas feiras, pois na cidade todas as mulheres sabem bordar. A participação nas feiras é possível devido ao apoio do Sebrae.

Além das artesãs Pitita e Ana Lúcia, estiveram presentes as artesãs Edna e Marta que puderam dividir suas histórias de vida e contar sobre suas experiências com o trabalho artesanal.

Edna dos Santos aprendeu com a mãe a técnica do trançado e hoje é presidente da Associação Maria dos Agaves, onde trabalham 12 mulheres. A associação tem sede em Parnaíba e as mulheres produzem jogos americanos, bolsas, chinelos, luminárias com a técnica do trançado em sisal. A artesã disse que tem muito orgulho de carregar esta identidade cultural passada pela sua mãe, e que futuramente, quer repassar esse saber fazer para suas netas, para que a técnica não se perca com o passar dos anos.

A artesã Marta Valezia trabalha na Cooperativa Artesanal Mista de Parnaíba Ltda – Campal, que possui uma loja de produtos artesanais regionais no centro de Parnaíba e comercializam esculturas, trançados em palha de carnaúba, agave, cipó de leite, taboa, entre outros itens; todo o artesanato vendido na loja faz parte da identidade cultural da região. Marta contou que a cooperativa participa de feiras nacionais, durante todo ano, com o apoio do Sebrae, e que os artesãos tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre a produção artesanal e melhorar seus negócios por meio de oficinas de capacitação dadas por designers pelos projetos do Sebrae. A artesã relatou ainda que por mais que os artesãos possuam orgulho com o ofício, ainda faltam escolas que repassem o saber na região.

Endereço Campal: Centro de Parnaíba, Rua Pedro II, n.º 1140. Piauí.
Facebook.com/cooperativaartesanal.campal

Veja o álbum de fotos: clique aqui

Papo Artesanal

Papo Artesanal é um projeto do ArteSol, em parceria com o Ponto Solidário, que conta com a promoção da integração entre artesãos, diferentes atores do segmento artesanal brasileiro e o público em geral.

Reconhecendo a importância da difusão do conhecimento em relação ao saber artesanal e ao contexto das comunidades artesãs brasileiras, o projeto promove um espaço de intercâmbio, discussões, oficinas do saber e mostras culturais. Suas ações são voltadas para a aproximação dos interessados pelas histórias de vida de mestres artesãos, técnicas artesanais tradicionais e sua produção inseridas no universo da economia criativa, tendo em vista que muitas vezes não se tem a possibilidade de conhecer as comunidades e de estar em contato com esses mestres.

Para saber mais escreva para institucional@artesol.org.br

 

 Realização

ArteSol: www.artesol.org.br

Parceiro

Ponto Solidário: www.pontosolidario.org.br

Apoio

Centro Ruth Cardosowww.centroruthcardoso.org.br

 

Fotos: Ananda Moraes – Comunicação e Difusão

 

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