No Brasil a técnica chamada de arpilharia foi aprendia por um grupo de mulheres de Poconé -MT e se transformou em motivo de orgulho e geração de renda. Elas bordam (o bordado é só um acessório ao trabalho têxtil) com tecidos, a fauna e a flora pantaneira , os festejos locais ou simplismente imagens que lhes vem do cotidiano A conhecida folclorista Violeta Parra define: ” é uma linguagem para poder transmitir histórias, sonhos e conceitos”
Origem
A Arpillera é uma técnica têxtil chilena que possui raízes numa antiga tradição popular iniciada por um grupo de bordadeiras de Isla Negra, localizada no litoral central chileno.As arpilleras originais eram montadas em suporte de aniagem, pano rústico proveniente de sacos de farinha ou batatas, geralmente fabricados em cânhamo ou linho grosso. Toda a costura é feita à mão, utilizando agulhas e fios. Às vezes sao adicionados fios de la à mão e com crochê, para realçar os contornos das figuras. Normalmente o tamanho destas obras era determinado pela dimensão do saco. Uma vez consumido o seu conteúdo, ele rea lavado e cortado em seis partes, possibilitando assim que o mesmo número de mulheres bordasse a sua própria história, a de sua família e de sua comunidade. A tela de fundo se chama arpillera, dando o nome a essa expressão artística popular.
Como forma de registrar a vida cotidiana das comunidades e de afirmar sua identidade, as oficinas de arpilleras nao somente representaram a expressao dessa realidade como também se transformaram em fonte de sobrevivência em tempos adversos. Muitas arpilleras fazem referencia aos valores consolidados da comunidade e aos problemas políticos e sociais que enfrenta. Tornaram-se uma forma de comunicar ao mundo exterior, no país e fora dele, o que estava acontecendo, e ao mesmo tempo, uma forma de atividade cooperativa e fonte de renda.
Graças as arpilleras, muitas mulheres chilenas puderam denunciar e enfrentar a ditadura desde fins de 1973. As arpilleras mostravam o que realmente estava acontecendo nas suas vidas, constituindo expressões de tenacidade e da força com que elas levavam adiante a luta pela verdade e pela justiça.
Roberta Bacic, pesquisadora e curadora de expossiçoes de Arpilleras
(texto extraído do catálogo da exposiçao “Arpilleras da Resistencia Política Chilena”.