modos de fazer cuias no baixo Amazonas

Artesanato típico de Santarém e um dos ícones da identidade cultural do Pará, as cuias pintadas de Santarém passaram do anonimato a patrimônio cultural do Pará. Bonitas e coloridas, são feitas geralmente por mulheres. A participação dos homens acontece principalmente no processo de retirada do miolo do fruto.
Como toda cultura tem seu berço, o das cuias pintadas é a comunidade de Aritapera, situada às margens do rio Amazonas, em Santarém, Oeste do Pará. É na comunidade que, pelas mãos habilidosas de um grupo de mulheres, nascem peças do artesanato, nacionalmente conhecido como “cuias pintadas”.
Velha conhecida dos índios amazônicos que a utilizam para beber água, tomar banho no rio e até como prato, a cuia, fruto da cuieira (Crescentia cujete) ou Kuimbúka em Tupi, significa cabaça ou concha de tirar água do pote. É da casca desse fruto que há séculos índios e caboclos de Santarém fazem nascer o que hoje se conhece como artesanato das cuias pintadas. Atualmente, além da função utilitária, as cuias têm papel decorativo, tanto no Brasil quanto no exterior.
As cuias podem receber decorações gravadas, pintadas ou incisas, com formas que remetem às culturas indígenas presentes em toda a região amazônica. Hoje, por iniciativa dos próprios artesãos, o emprego das cuias também se estende a brinquedos, instrumentos musicais, máscaras, roupa de banho e acessórios, como bolsas, brincos, pulseiras. Nas barracas de venda de tacacá, elas se destacam, pois essa iguaria típica da culinária paraense é servida exclusivamente em cuias pintadas.
Tradições indígenas mantidas no processo de produção
Mas qual o processo de produção das cuias pintadas? Após a retirada da árvore, passa pela limpeza (retirado o miolo), secagem e eliminação das imperfeições (geralmente com lixa natural feita de escamas de pirarucu). Depois a cuia é tingida com o “cumatê”, tinta natural vermelho-escuro, extraída da casca da árvore conhecida como axuazeiro.
Em seguida as peças, já com a cor preta, são postas para secar sobre jiraus, onde ocorre a fixação da tinta. Nesta fase da produção entra a parte mais interessante, pois as cuias são tratadas com urina, o que permite uma aderência ainda maior da tinta nas peças. Só então as cuias ficam prontas para receber os desenhos pelas artesãs.
Engana-se quem imagina que as cuias são lavadas com urina. Um forro de palha impede qualquer contato direto das cuias com a urina, da qual apenas se extrai a amônia. Numa reação química já conhecida pelas índias há pelo menos quatro séculos, desde quando se tem notícia do fabrico artesanal das cuias pretas de Santarém. A amônia atua sobre a tintura do cumatê, enegrecendo-a por inteiro. Depois de bem lavadas e enxutas, as cuias perdem qualquer resíduo de odor de urina que possa ter ficado durante o processo e já estão prontas para serem pintadas ou para uso absolutamente higiênico.
( fonte: artesol)
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