As Varinhas da Conquista – ou Varinhas de Santa Clara – configuram uma arte ancestral, passada de geração a geração na Ilha de Marajó. Os grafismos que enfeitam essas varinhas são uma herança indígena local aprendida por famílias migrantes nordestinas, como é o caso da família de Edicinamar, mais conhecida como Baixinha do Regatão.
Edicinamar e seus onze irmãos foram criados a partir da comercialização dessa arte que consiste no entalhe de hastes de madeira, criando grafismos de origem indígena num ofício que eles chamam de bordado. Cada padrão é feito a partir de um conjunto de “pontos” planejados.
O arbusto usado é chamado taquari, muito comum na região, também conhecido como Santa Clara (Mabea Taquari Aubl.) No passado, os indígenas costumavam utilizá-lo para a confecção de arco e flechas. Suas hastes podem ser removidas sem danos à planta. Cada nó do arbusto pode gerar 6 ou 7 hastes que darão origem às varinhas. Depois de colhidas, as hastes descansam para murchar, momento em que a seiva escorre e, posteriormente. são colocadas ao sol para secar, tornando-se mais leves. Só então é possível trabalhar cada uma delas, entalhando os padrões entre a madeira nua, mais clara, e a casca da árvore, de coloração mais escura.
Edicinamar é atualmente uma das poucas artesãs de sua família que mantém o oficio e comercializa sua arte profissionalmente. Aprendeu os pontos do bordado ainda criança assistindo sua avó e sua mãe, Dona Nilma, bordando entalhes na madeira.
Fonte: www.artesol.org.br